O busto do S.S. na Praça da Bandeira – Expressa manifestação de apreço do nosso povo – O ato inaugural - As autoridades presentes – Os discursos.
A nossa população há tempo, como é do conhecimento público, num movimento de expressiva espontaneidade, tendo à frente uma comissão de destacados elementos sociais e composta dos srs. Dr. Eduardo Duarte, Perí Fagundes, Teobaldo Schuler, Plínio Jardim, Manoel Bastos e Otávio Borges, resolveu prestar ao ilustre edil leopoldense uma homenagem constante de uma herma encimada pelo busto do edil a ser levantada em local central do povoado.
A recusa imediata, então, do coronel Teodomiro Pôrto, exposta em carta dirigida à aludida comissão em resposta à que lhe havia sido endereçada, como foi divulgado pela imprensa, veio desarticular o movimento que já se esboçava de modo rápido e simpático e fazer com que as démarches em andamento fossem interrompidas muito a contragosto da referida comissão que autorizadamente interpretava os sentimentos de gratidão do povo de Esteio ao administrador de comuna, grande animador do progresso e grandeza do Esteio.
Não obstante o embargo experimentado em seus propósitos, o nosso povo, conciente de que constituía para si um dever o tornar em realidade uma manifestação ao ilustre governante, aproveitando-se da ausência temporária de S.S. da chefia suprema da administração do município, em gozo de férias e em repouso em Iraí – resolveu tornar realidade o seu já manifestado desejo, muito embora em contraposição à vontade de S.S. de que é testemunho a correspondência trocada como sabemos.
Para tanto foi elaborado o programa de solenidade, de cujo desenvolvimento aqui fazemos sucinta descrição.
A SOLENIDADE
Na manhã de domingo, dia 19 de março último, a futura Praça da Bandeira, denominação que pleiteamos para o nosso logradouro onde já se levanta o altar da Pátria, apresenta aspecto festivo e obrigava os alunos de todas as escolas públicas e particulares, todos colocados em ordem e convenientemente uniformizados, junto à herma com o busto ainda velado.
AS AUTORIDADES
Momentos após, já com a presença de grande massa popular, ali chegavam as autoridades, entre os quais anotamos a presença dos srs. Dr. Julio de Azambuja Vilanova, prefeito interino, dr. Eurico de Souza Leão Lustroza, juiz de direito; dr. Carlos Dutra, representante do sr. Dr. secretário da Agricultura; Jorge de Souza Moraes, sub-prefeito do distrito; Ernesto de Rezende Weick, representante da Sociedade Territorial do Esteio Ltda, ; Hercules Fraga da Silva, sub-delegado de Polícia; Acacio Gomes, presidente da Associação do Comércio e Indústria de São Leopoldo. Srs. Augusto Dal Cortivo, Eugênio Schardong, Alarico Eschberger e Ricardo Rossi, representantes da Associação Comercial de São Leopoldo, dr. Albelardo Marques, consultor jurídico do Banco do Comércio, ver. Padre Conrado Servila, reitor do Seminário Católico local, além de muitas outras pessoas gradas que eram recebidas pela comissão promotora, comerciantes, industrialistas, grande massa de operários, sociedades esportivas, etc.
O ATO INAUGURAL
À hora aprazada, após os acordes da Banda Municipal que, sob a regência do maestro Leopoldo Vieira, abrilhantou a festividade, o dr. Eduardo Duarte, dirigindo-se aos presentes, convidou o exmo. Sr. Eurico Lustroza, juiz de direito, para descerrar o busto, o que foi feito sob intusiásticas aclamações dos presentes. Êsse trabalho, executado nas oficinas da conhecida Casa Aloys, de Porto Alegre, pôs à vista dos presentes a figura acatada e respeitável do Edil leopoldense e que se deve ao cinzel de Arjonas, o grande artista, cuja competência se comprova mais uma vez pela felicidade de expressão com que soube plasmar a fisionomia veneranda do homenageado.
Com o descerramento do busto também ficou exposta a lápide de granito com a seguinte legenda: “Homenagem do povo de Esteio ao ilustre governante municipal Cel. Teodomiro Pôrto da Fonseca, por ocasião do 15° aniversário de seu fecundo e notável governo. Em 12-10-1943.”
OS Discursos
Serenados os aplausos, assomou à tribuna ali armada o dr. Eduardo Duarte, orador oficial da solenidade, que proferiu sugestivo e expressivo discurso inaugural. Começou o orador ressaltando a importância daquela solenidade, justificando, com argumentos robustos, as razões superiores que levavam o povo do Esteio à imperiosa e indesviável obrigação de resgatar uma dívida de gratidão para com o homenageado em lhe prestando aquele preito de reconhecimento que muito aquém ficava muito de que é merecedor, acentuando que o gesto de nossa gente, violentando naturais sentimentos de modéstia do homenageado, era o gesto de um povo e que esse povo tinha uma determinação que devia ser respeitada, era uma imposição que vinha da voz do povo e voz de Deus. Disse ainda que naquele momento não iria rememorar as obras governamentais do ilustre governante municipal; e, continuando, teceu um rápido comentário sobre o desenvolvimento prodigioso de Esteio nestes poucos anos de sua existência; referiu-se ainda ao muito que a Sociedade Territorial do Esteio Ltda., ali presente na pessoa do seu gerente sr. ERNESTEO DE REZENSE WEICK, ao qual muito deve o povo do Esteio, atenta à colaboração que aquela empresa vem prestando às iniciativas de vulto da localidade, dentre as quais a de ceder aquele local, de sua propriedade, para que se edificasse aquela praça que tão lindo aspecto dava à localidade.
Prosseguindo, além de outras considerações ao progresso do móvel povoado que marcha para um futuro breve elevar-se à categoria de cidade, graças ao trabalho e espírito de seus filhos, voltou a referir-se ao homenageado relembrando seu espírito clarividente, quando prognosticára que Esteio, ontem um povoado, hoje vila, amanhã se tornaria cidade, que esse era o destino a que se estava fadado esta progressista célula de trabalho... Perorando, teceu um hino de glória ao pavilhão nacional que aí, em meio daquela praça, no altar da Pátria, construído em caráter permanente sem similar no país, muitas vezes seria içado altaneiro, como expressão do elevado sentimento patriótico de gente esteiense.
Ao terminar sua brilhante oração, proferida com a eloqüência que lhe é peculiar, o orador foi grandemente aplaudido e felicitado.
Terminados os aplausos ao discurso do dr. Eduardo Duarte, usou da palavra em nome do dr. Julio Azambuja Vilanova, prefeito interino, o dr. Carlos de Souza Morais, que começou dizendo que o govêrno municipal, em sua interinidade, não podia ter deixado de associar-se áquele ato de justiça que se prestava ao prestigioso governante leopoldense, muito embora fosse desejo de S.S. manifestado que foi pela imprensa do município de da capital do Estado, não aceitar tal homenagem. Acentua que, não obstante essa recusa, o povo de Esteio , num movimento espontâneo, não arrefeceu em seu propósito e, aproveitando a usência do dirigente de São Leopoldo, congregou os elementos mais representativos do próspero povoado, que já é uma afirmação admirável de trabalho e realizações, e ali, em ponto central e em terreno cedido pela Emprêsa Territorial, inaugura o seu busto, voltado para uma de suas mais notáveis obras administrativas: a faixa de cimento, a primeira a ser construída no Estado e que assinalara, inegavelmente, o início do desenvolvimento célere e promissor de Esteio. Depois de outras considerações sobre aquela significativa solenidade, que era tão cara aos amigos e admiradores de Teodomiro Pôrto da Fonseca, pela sua longa vida pública, toda ela consagrada aos interesses do Brasil do Brasil, acentuou que o governo interino do município congratulava-se sinceramente com a povoação esteiense por aquela demonstração tão sensibilisante ao apreço e reconhecimento público a quem tanto fizera por São Leopoldo, e não poderia deixar de manifestas seu agradecimento à comissão promotora da homenagem e às autoridades presentes ou que se fizeram representar, bem como ao orador oficial da solenidade, dr Eduardo Duarte, pelas referencias honrosas e sobremaneira cativantes dirigidas à personalidade do prefeito leopoldense.
O orador, ao terminar, foi alvo de prolongada salva de palmas dos presentes.
Finda a solenidade inaugural do busto, as autoridades e convidados presentes dirigiram-se ao bar que fica ao lado da praça onde foi servida uma taça de champagne.
Nessa ocasião mais uma vez falou o dr. Eduardo Duarte que saudou as autoridades e delegações presentes, tendo também feito uso da palavra o sr. Eurico Lustoza que, entre outras palavras disse do carinho com que vem acompanhando o desenvolvimento rápido de Esteio. Por cujo progresso levantava sua taça. Agradecendo as referencias especiais feitas à sua pessoa, falou o dr. Julio Azambuja Vilanova.
Ao meio-dia foi servido suculento churrasco regado com abundância de chope, num ambiente de intensa satisfação popular.
Como essa solenidade, Esteio prestou ao seu grande amigo Cel. Teodomiro Pôrto da Fonseca uma homenagem plena de justiça e gratidão e deu expansão a um incontido desejo de tornar público um sentimento que há muito vinha dominando sua população ansiosa por apresentar-se uma oportunidade como aquela que vimos assistir.
Texto extraído da “Monografia Esteio” – Editada em, 15 de março de 1944.
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