José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista e diretor-presidente da Legião da Boa Vontade - LBV mundial. |
Conforme recente pesquisa do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas viciadas em crack no Brasil ultrapassa a
impressionante marca de um milhão de usuários.
Especialistas em saúde comparam
a epidemia da aids na África à do crack em nosso país. Outro dado
alarmante é a média de idade dos que o experimentam pela primeira vez: 13 anos.
Contudo, engana-se quem acha que somente as camadas da sociedade em situação de
pobreza estão à mercê desse perigo mortal. A droga também se faz presente nas
classes sociais mais abastadas de modo devastador.
O desastroso abalo físico e mental
provocado pela pedra de crack é
disparado na primeira ocasião em que se acende o cachimbo artesanal — poderia
se dizer infernal —, pois não arruína apenas a vida do usuário, mas a de toda a
família. A ilusória sensação de bem-estar e de euforia fica tragicamente
evidenciada pela progressiva degradação do corpo e da Alma dos dependentes.
Segundo
a dra. Solange Nappo, pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas
Psicotrópicas (Cebrid), “no início da entrada do crack no Brasil, mais precisamente em São Paulo/SP, o perfil do
usuário era do sexo masculino. A presença de mulheres era pontual, algo raro.
No princípio da década de 2000, começamos a receber indicativos e informações
dos próprios usuários de que as mulheres aderiram à cultura do uso do crack”.
Em entrevista ao programa
“Sociedade Solidária”, transmitido pela Boa Vontade TV (canal 23 da SKY), a dra.
Solange comentou que o fato de a mulher transformar-se em consumidora do
entorpecente mudou toda a dinâmica do vício. “O usuário masculino tornou-se, em
geral, um transgressor. Ele rouba para comprar a pedra. Não é um profissional
do crime. Diante disso, com sua inexperiência, é facilmente preso e acaba criando
um problema para o tráfico, que perde um cliente em potencial, na maioria das
vezes já devedor da droga que consome. Quando a mulher é inserida no submundo
do crack, ela passa a ser linha de
frente, pois o risco de ser presa é bem menor. Ao invés de roubar, ela vai
vender o seu corpo”, explicou.
CONTAMINAÇÃO PELO HIV
Para agravar a situação, a
mulher, ao se prostituir a fim de conseguir a droga, vira foco de doenças
sexualmente transmissíveis, principalmente do vírus HIV.
Sobre isso, esclareceu a
dra. Solange: “Uma mulher que faz programa por conta da compulsão pela droga o faz
sem proteção, a qualquer hora e em qualquer lugar. Não fica num local
aguardando que alguém passe. Ela vai em busca desse parceiro na tentativa de
que ele, rapidamente, lhe dê o dinheiro que lhe possibilitará comprar a pedra de
crack. Sem falar das que ficam
grávidas sem nenhuma estrutura para ser mãe. Essa situação de vulnerabilidade
traz para a mulher complicações físicas, psíquicas e orgânicas de todos os tipos.
Quando a mulher entra nessa cultura, traz com ela um problema social enorme. De
um grupo de 80 mulheres que entrevistamos, pelo menos 40% delas eram portadoras do HIV”.
Grato, dra. Solange, pelas
elucidações. É uma triste realidade que não pode ser ignorada. Além das
imprescindíveis políticas públicas de combate ao crack, urge fortalecer, com a Espiritualidade Ecumênica, os valores
da Família. É nela que se encontra a solução de muitos problemas que hoje
afligem a Humanidade.
José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.
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