terça-feira, 18 de agosto de 2009

Desconhecido Nº 303/09: por ele, nem os sinos dobraram





Um indigente com o corpo debilitado, aparentemente idoso, foi encontrado por populares na escadaria do Clube Aliança, na Avenida Presidente Vargas, no centro de Esteio. Recolhido por uma guarnição de Resgate do Corpo de Bombeiro, dia 14/08/09, sexta-feira à tarde, foi encaminhado ao Hospital Municipal São Camilo, onde ficou constatada sua morte por causa desconhecida ou indeterminada, no mesmo dia.



O corpo do indigente morto permaneceu no necrotério do Hospital São Camilo até domingo , dia 16/08/09, à tarde, quando o cadáver foi removido para o Posto do Departamento Médico Legal (ULBRA/Canoas/RS.), sem identificação. Lá, foram realizado exames de rotina, tiradas fotografias, impressões digitais e moldes da arcada dentária, enviada ao Instituto Geral de Perícia, em Porto Alegre, para possível identificação.



O cadáver do morador de rua que faleceu sexta-feira, foi enterrado como indigente, hoje, terça-feira, dia 18/08/2009, às 17h 15 minutos no Cemitério Municipal 2 de Novembro, em Esteio, no mais completo abandono como – Desconhecido Nº 303/09 – DML/Ulbra-Canoas/RS



Segundo uma trabalhadora autônoma, nos últimos dias ele encontrava sérias dificuldades para se levantar sozinho, permanecendo sentado na rua quase o dia todo. A conhecida figura em desalinho e a situação de mendicância condiziam com os últimos tempos de sua vida.



Por ele, nem os sinos dobraram. A camionete da funerária, com caixão fornecido gratuitamente pela municipalidade, deixou o corpo do indigente para o enterro que, só teve os coveiros, agentes funerários e funcionários do cemitério no cortejo. O silêncio agrava ainda mais a situação de abandono desse infeliz, que morreu na mais completa solidão, sem conquistar o direito a ser enterrado, pelo menos com um nome. Ele foi identificado pelo DML por uma etiqueta, amarrada no dedo do pé, com um número: Desconhecido Nº 303/09.



Esteienses que conheciam o indigente e forneciam alimentos eventualmente, trataram o caso como um exemplo da falta de proteção por um sistema social público com refeitório popular, casa de passagem, albergue, principalmente nos dias frios de inverno, assistência médica e social gratuita. Esta triste história do Desconhecido Nº 303/09, revela como alguns pobres têm que esperar por muito tempo para receber assistência social, médica e humanitária, que muitas vezes não chega.



Em condições normais, salvo melhor juízo, um cadáver sem identificação, para ser enterrado deveria permanecer bem acondicionado em geladeira por um prazo de 30 dias no DML, aguardando identificação de familiares, depois disso poderia enterrado.

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