“Não podemos aceitar soluções medievais para combater as enchentes.”
Marcelo Kohlrausch Pereira |
O ser humano não respeita a natureza, desde os primórdios da humanidade, as cidades na sua grande maioria cresceram de forma desordenada e sem qualquer planejamento, o preço disto tudo estamos pagando a cada ano, a cada estação que já não segue suas características naturais.
E todos nós viramos reféns do tempo e da meteorologia, já acordamos preocupados, e já não perguntamos:
Será que vai chover?
A pergunta atual é:
Será que vai dar enchente?
Ora !Tudo isto é fruto de uma série de ações do passado, em que não se mensurava que os arroios e rios deveriam ser respeitados em seus limites e suas áreas de preservação e drenagem natural, pois o espaço que hoje a água busca nada mais é que o seu espaço natural.
O homem por sua vez se defende com verdadeiras soluções medievais, muros, muralhas e o que for necessário para se proteger da água, no entanto, desconsidera que esta mesma água procura outro local para seu espaço natural.
Já fiz duas denúncias ao ministério público sobre estas construções medievais, uma da nossa vizinha Petrobrás, que em julho durante a grande enchente colocou máquinas no seu pátio para levantar um dique provisório de sacas de areia.
O outro recentemente na divisa com Cachoeirinha, uma verdadeira muralha com 600 metros de cumprimento e 04 metros de altura foi construída, junto ao Arroio Sapucaia, sem termos qualquer notícia de licença ambiental ou projeto de execução e seus impactos.
Ambas foram feitas com o propósito de proteger municípios vizinhos, mas por consequência seus reflexos negativos resultaram em prejuízos para o cidadão de Esteio, pois a água que encontrou estas barreiras procurou seu espaço dentro de Esteio, aumentando a nossa mancha de inundação.
Em ambos os casos não houve consulta ao nosso município, simplesmente os executores das obras se preocuparam tão somente em resolver o seu problema, buscaram a sua proteção contra as enchentes, sem qualquer responsabilidade, ergueram barreiras medievais para proteger patrimônio em detrimento de vidas humanas.
Vivemos buscando soluções para automóveis, asfalto, novas vias, estradas, rodovias e outras soluções que impermeabilizam o solo, a água que antes infiltrava no solo passa a compor o escoamento superficial o que aumenta o volume nas vazões de pico aumentando assim a gravidade das inundações.
Esteio já sofre naturalmente por ser a cidade que recebe água de vários municípios, para se ter uma ideia destas contribuições o nosso maior arroio o Sapucaia que faz divisa com Canoas recebe água dos seguintes arroios: Moinhos, Passo Fundo, Boa Vista, Guajuviras e Esteio.
Outro advento, não bastassem as barreiras naturais ao longo dos anos foram construídas novas barreiras até o Rio dos Sinos, que são:
BR 116 e suas pontes,Trensurb,trilhos do trem da rede ferroviária e rodovia BR 448.
Portanto, são quatro barreiras que contribuem negativamente para o escoamento da água dos nossos dois arroios até o Rio dos Sinos.
As soluções para as enchentes em Esteio passam por vários fatores:
Plano de drenagem, bacias de contenção, casas de bombas, educação ambiental e estes investimentos são altíssimos requerendo coragem e um esforço coletivo.
Quanto às responsabilidades de ações como estas que denunciei “diques por conta própria” devem ser urgentemente apuradas e qualquer contribuição negativa deve ser repelida, pois Esteio já sofre demais com as inconsequências do passado e suas ações negativas em nosso território.
(*) Marcelo Kohlrausch Pereira - Vereador PDT/Esteio
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