A conversão é um espaço de tempo para meditação silenciosa, ouvindo a voz da consciência. Porque a conversão é marcada por uma decisão pessoal e soberana daquele que se propõe seguir o caminho de Jesus, e não como muitas denominações fazem ao produzir artificialmente grandes espetáculos para impressionar e atrair com emoção novos adeptos.
Por José Mazzarollo
Após Deus tirar o povo hebreu do Egito, os manteve no deserto por quarenta anos, até entrarem na terra da promessa. O caminho não era tão longo, para permanecerem por tanto tempo longe da civilização. Então certamente Deus tinha um propósito para eles. Se consultarmos as escrituras, perceberemos que a igreja de Deus é fruto do deserto. Muito antes da peregrinação dos hebreus, Abraão foi chamado por Deus para retirar-se do meio da civilização e dos seus parentes, para andar sem rumo definido pelo deserto. Não foi diferente com seu filho Isaque, que também peregrinou pelas áridas terras em busca de alimento. Jacó, da mesma forma experimentou as agruras do sol e o frio da noite ao relento, numa noite, tomou uma pedra como travesseiro e adormeceu em pleno deserto. Viu no céu anjos que subiam e desciam por uma escada. Mais tarde foram os profetas levados a meditar no nada do deserto, isto é, livres de todas as influências e desejos. A igreja apostólica também tem suas raízes no deserto, primeiramente através de João Batista que atraia multidões para ouvi-lo nas areias da Judéia. Na sequência, foi Jesus levado ao deserto pelo Espírito e durante quarenta dias de jejum e oração, foi provado com as mais sedutoras tentações de Lúcifer.
José Mazzarollo |
Podemos concluir que o deserto carrega uma importante mensagem espiritual para o povo de Deus. Se hoje não temos condições de fazer um estágio de conversão no deserto, é certo que precisamos trazê-lo para dentro de nós, sabedores que somos da lei espiritual que nos rege desde a criação. A tecnologia e modernidade alteraram profundamente a geografia exterior, contudo, o nosso mapa interior continua com os mesmos desejos e ansiedades. Os peregrinos do passado tinham dentro de si, um coração semelhante ao nosso, e um cérebro na mesma posição dos homens de hoje.
A genuína igreja nasce em nós quando nos retiramos para o deserto, mesmo percorrendo caminhos no meio da multidão, o diálogo com nós mesmos deve nos isolar das influências exteriores. No deserto não havia rádio, jornais, TVs, muito menos mercearias e mercados. Nesse ambiente Deus nos proporciona condições de negarmos ao corpo seus desejos, para abrirmos as portas ao desenvolvimento do espírito. Muitos detestam olhar para o coração, preferem se deter nos pecados alheios e medir-se com eles, numa falsa e enganosa ilusão de conformismo. Foi assim que muitos pereceram no deserto, dando-nos o exemplo de como não devemos fazer. A conversão é um espaço de tempo para meditação silenciosa, ouvindo a voz da consciência. Porque a conversão é marcada por uma decisão pessoal e soberana daquele que se propõe seguir o caminho de Jesus, e não como muitas denominações fazem ao produzir artificialmente grandes espetáculos para impressionar e atrair com emoção novos adeptos. São estas falsas conversões, ou conversões do exterior que nunca chegam ao coração.
O período sabático de silêncio e meditação interior é fundamental para que uma confissão sincera se estabeleça na alma do convertido, e possa este, saber de onde saiu e onde quer chegar. Sair da escravidão do Egito parece ser um desejo comum, caminhar pelo deserto até Israel, é um preço que poucos estão dispostos a pagar. Muitos venceram e nos deixaram legado o exemplo, de que nós também podemos vencer, mas saibam todos que o deserto é indispensável, e que Deus nos abençoe com o orvalho do céu.
Contato: Mazzarollo@coimpressa.com.br
José Mazzarollo está todos oa dias na rádio Metrópolie AM 1570, às 8h e 18h.
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