terça-feira, 30 de abril de 2013

O RETORNO DA MORTE



José Mazzarollo
Estão em evidência nos mais diversos meios de comunicação os relatos dos quase mortos, isto é, daqueles que clinicamente estavam mortos e reviveram. São  minuciosos relatos de viagens ao além. Homens e mulheres acometidos por doenças mortais ou acidentes graves, experimentam a morte por um tempo, e,  de retorno  ao mundo dos vivos descrevem fantásticas experiências do mundo espiritual. Os que ficam, ouvem com atenção e exposição a estranha e sobrenatural experiência. No entanto o fato não é tão estranho assim, a não ser pelo inusitado cataclismo físico. No mais, todos experimentamos períodos da ação exclusiva do espírito  enquanto o corpo  repousa no sono da noite. Sem a necessidade de um estado de morte, o corpo fica inerte na posição horizontal do leito durante o sono profundo da noite, ao mesmo tempo que o espírito continua em atividade através de sonhos e visões.

A Bíblia nos relata vários fatos de visões espirituais, sem a necessidade de passar pela morte, mas um simples momento de êxtase é o bastante para que a comunicação espiritual aconteça. O apóstolo Paulo relata em palavras o seu arrebatamento afirmando: “Conheço um homem que há quatorze anos foi arrebatado até o terceiro céu, ouviu palavras inefáveis as quais não é lícito ao homem referir” (II Cor 12.2). O apóstolo viajou até o terceiro céu, isto é, na morada dos anjos Querubins. O mais importante não está nas visões e revelações que experimentamos, mas no que fazemos com elas. Deus não permite nada, sem uma razão de ser. As reações no coração das pessoas é bem distinto de um para com o outro. Reagimos semelhante a parábola do semeador proferida por Jesus nos evangelhos. Uma semente cai a beira do caminho é pisoteada pelos homens e comida pelas aves. A outra cai sobre a rocha, brota com muito vigor, mas aos primeiros raios de sol murcha e seca. A terceira é sufocada pelos espinhos e não chega a produzir fruto. A última sim, essa cai em terra boa e produz em abundância.

Todos os que tiveram experiência de morte, ao retornarem à vida trazem  reações específicas. Os do primeiro grupo adotam a posição cômoda do ateísmo. Por mais que os fatos demonstrem os insondáveis mistérios espirituais, não admitem nada além do que seus sentidos humanos percebem. Não querem se comprometer em mudanças de vida, por isso  preferem atribuir tudo aos fenômenos naturais, isentando-se assim de qualquer responsabilidade que restrinja seus desejos carnais.

No segundo grupo as reações reprisam a semente que caiu na rocha. Cheios de emoção e entusiasmo, idealizam uma conversão imediata e total. Anulam todos os pilares do passado como se estivesse tudo errado, desejam convencer o mundo proclamando uma nova vida. Logo, experimentam a decepção e a desilusão, por isso não tardam a abandonar tudo e retornam piorados aos antigos e abomináveis costumes.

O terceiro grupo é composto pelos convertidos fanáticos. Se valem de um fato apenas para pautar todas suas posições. Cauterizados pelo rótulo de santos, exigem que todos os sigam, pois, são eles os únicos verdadeiros e certos, aos seus próprios olhos.  Tem pouco amor as virtudes pessoais, mas uma grande paixão em ver e  acusar defeitos alheios. O quarto grupo é semelhante a semente que cai em terra boa. Aproveitam a experiência espiritual para enriquecer a sua vida no bom procedimento e fidelidade daquele que os chamou. São os iluminados. Bem mais reservados nas revelações que presenciaram do que os demais, mas muito mais ousados viver e valorizar o patrimônio que lhe foi concedido. Respeitam os pilares antigos, e sobre eles estabelecem os marcos da nova missão, tomam para si a responsabilidade de mudar o seu mundo antes de proclamar ao mundo a sua nova missão. Pelos relatos mencionados, no mínimo devemos pensar com cuidado no trato da nossa vida espiritual, na certeza de que um dia, um a um seremos chamados para o reino do além. Também na convicção absoluta de que aquele espírito que viaja por nós enquanto dormimos, é o mesmo a empreender a viagem definitiva rumo a eternidade após a nossa partida.

Contato: mazzarollo@coimpressa.com.br

José Mazzarollo está todos os dias na rádio Metrópole AM 1570, às 8h e 18h; e aos sábados das 17h30min às 18h30min;Todas as Segundas das 19h às 20h, no Programa Comando da Cidade na TV Urbana e no Programa Momento Espiritual, todas as Segundas das 20h30min às 21h na TV Urbana (UHF 55 e NET 11); Também  o livro,“Receitas Espirituais”, disponível em todas as livrarias.




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