quinta-feira, 30 de julho de 2015

Opinião Livre

Marcelo Kohlrausch Pereira - advogado e vereador em Esteio/RS. 

As enchentes acabam com o patrimônio e com a moral do povo de Esteio

(*) Marcelo Kohlrausch Pereira 


   A enchente de julho de 2015, só difere em um ponto das 3 enchentes de 2013, esta foi a pior no sentido de destruição e do número de famílias flageladas.

   Sim, temos que admitir que o volume de chuvas foi intenso e de forma continua, mas não podemos apontar o dedo para cima e esperarmos que os fenômenos naturais sejam amenos nos anos que ainda virão.

   Uma certeza ficou de toda esta tragédia precisamos bem mais que a obra da Av. Beira Arroio, para superar este drama que assola a décadas no nosso município, necessitamos bem mais que os esforços municipais para que o cidadão de Esteio possa dormir tranquilo em noites de chuvas.

   A celeridade nas obras e a aplicação integral das medidas apontadas pelo o (IPH) Instituto de Pesquisas Hidrológicas da UFGRSque- em 2006 -já recomendava a implantação de bacias de contenção por meio deparceria com a Petrobras e o município de Canoas para auxiliar na vazão das águas, deve ser aplicada com extrema urgência.

   Temos uma enorme área ao nosso lado o mato de eucaliptos da Petrobras e devemos utiliza-la para que estas bacias de contenção sejam imediatamente construídas, os chamados piscinões são necessários para absorver grandes volumes de água no sistema de comportas que servem de proteção ao lado habitado no caso o município de Esteio.

   Concordo que as cidades na sua grande maioria não foram planejadas, mas não podemos nos omitir na captação de recursos e na implantação de projetos que já foram discutidos e debatidos desde 2006 como esta do IPH – URGS.

   Aliás o IPH, apontava esta parceria com a  nossa vizinha PETROBRAS e indicava ajustes nas pontes da BR 116, alargamentos e aprofundamentos dos arroios Sapucaia e Esteio, medidas necessárias pois é notório o assoreamento destes dois Arroios ao longo de décadas.

   Por outro lado, temos a Rodovia do Parque (BR448) que no trecho entre Sapucaia e Esteiodeveria servir de dique de proteção contra as enchentes. No entanto, um estudo que apontava colocação de duas casas de bombas uma no Arroio Sapucaia, junto ao Rio dos Sinos e outra no Arroio Esteio, além da construção de diques auxiliares nestes dois arroios após a BR 116, nada destas indicações foram feitas pelo Governo Federal, omissão que transformou a obra num dique negativo.

   Soma-se a isto que ao invés de pontes no Arroio Esteio foram construídas galerias que não dão conta da vazão da agua em dias de grandes precipitações, extravasando o arroio e diminuindo sua velocidade de vazão para o Rio dos Sinos.

   Neste contexto, podemos afirmar que não necessitamos mais de Estudos técnicos de engenharia e impacto ambiental, necessitamos sim da aplicação e execução de obras importantes para protegermos Esteio e os demais municípios da região metropolitana. Não é preciso discorrer sobre os resultados nefastos que essa omissão na execução destas obras está causando ao comércio, a indústria, ao prestador de serviço e, sobretudo a população de Esteio.

   Esse diversionismo entre quem deve fazer e quem é responsável acaba prejudicando o primo pobre no caso o nosso município que sofre as maiores consequências e o real prejuízo da enchente. Os Governos Federais e Estaduais devem contribuir com investimentos em obras que são urgentemente necessárias.

   Além disso, a mobilização popular é uma forte aliada na cobrança de ações concretas. O povo despertou e quer agilidade e competência na gestão pública.  É preciso manter a mobilização popular e aumentar ainda mais a pressão por resultados efetivos por parte do Governo Federal e Estadual.

   Outro ponto importante que devemos rever as cidades não possuem mais drenagem natural, a ganância do asfalto esta cobrando seu preço ruas e avenidas acabam se transformando  em verdadeiros rios e a agua acaba punindo tudo que encontra pelo caminho no dia de grandes enxurradas.

   A política de valorização do automóvel em detrimento da política de valorização do homem que tem como objetivo promover a atividade física e diminuir o número de carros nas ruas da cidade, poistemos que promover Sistema de Ciclovias Integradas, promover a circulação da utilização das bicicletas, promover projetos como o IPTU Verde que fornece desconto no IPTU, ao cidadão que promovem nas suas residências ações que promovem e valorizam o meio ambiente, como um simples jardim, que favorece a drenagem das águas da chuvas.

Neste momento complicado e difícil é preciso ter os pés no chão, pois os problemas que parecem singelos se tornaram enormes para a comunidade de Esteio, é preciso uma união de esforços e partidos, pois acima das bandeiras partidárias temos a bandeira de Esteio e devemos lutar não uns contra os outros, mas lutar para despertar nas autoridades competentes suas responsabilidades sobre ações e investimentos que chegam a cifras das centenas de milhões de reais.

   O quadro atual é lamentável, mas é preciso seguir em frente, temos que unir bancadas, esquecer mágoas e unir esforços para que os projetos positivos existentes, se concretizemem obras eficazes, o esforço de todos nós será sempre digno,pois a luta mesmo que árdua  é necessária para que o município não tenha um legado desumano e cruel com a população em razão de toda esta destruição patrimonial e moral causada pelas enchentes. 

(*) Marcelo Kohlrausch Pereira é advogado e vereador do PDT em Esteio.


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