José Mazzarollo autor do livro “Receitas Espirituais”, disponível nas livrarias |
"Saber localizar-se, guardando uma posição é fundamental para o crescimento e desenvolvimento da vocação e dos dons"
(*) José Mazzarollo
Acima do pedaço de chão que diariamente pisamos, o local do nascimento guarda uma lembrança especial no coração. Não importa se a terra que nos gerou é de pouca expressão, pobre e afastada dos grandes centros, para aqueles que ela lhes deu origem a vida, será sempre lembrada com muito carinho. Mesmo que nós saibamos haver locais melhores e mais seguros para habitar, a primeira morada ficará sempre apegada com sentimentos enraizados, que nos fazem resistir a todas as propostas, antes de trocar de morada. Este amor a terra natal, está inserido por Deus a todos os habitantes do planeta, desde o princípio da criação. As primeiras gerações estavam tão apegadas a sua região, que Deus precisou intervir, e após a torre de babel a dispersão se fez necessária, para que os homens ocupassem outras regiões da terra. Ali formaram novas nações, separados uns dos outros por raça e língua. Uns não compreendiam mais os outros, e as afinidades entre eles haviam desaparecido, então aos poucos foram se espalhando pela África e Europa. Mais tarde, um fenômeno semelhante aconteceu nos tempos de Jesus. Seus discípulos foram orientados a ir ao mundo pregar o evangelho, contudo, resistiam em sair de Jerusalém e arredores, só saíram pelo mundo para evangelizar após serem ferozmente perseguidos e dispersados com violência.
Há casos em que a necessidade de mudança se faz necessária; para buscar em outras cidades, melhores oportunidades de trabalho, ou por questões de saúde, ou mesmo para aperfeiçoamento cultural, nem por isso o local de origem sai do coração daqueles que partem. Isso tem uma razão de ser. Deus projetou as pessoas para que guardem os seus lugares, em todos os sentidos. Como a árvore que finca raízes na terra, aqueles que muito rolam, nada alcançam. Saber localizar-se, guardando uma posição é fundamental para o crescimento e desenvolvimento da vocação e dos dons.
Uma parte dos anjos do céu foi expulsa por não guardar o lugar: “Aos anjos, os que não guardaram seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicilio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande dia” (Jd 6). Todas as virtudes e pecados que temos a oportunidade de escolher na terra, foram praticadas antes no céu. Pela leitura notamos que o diabo, entre tantos pecados, cometeu o de não guardou o seu lugar. Abandonou o seu posto e foi cobiçar a cadeira de Deus, e por isso foi derrubado e expulso do paraíso. Quando alguém sai do seu lugar, comete no mínimo dois graves pecados. O primeiro é deixar vago o espaço que lhe pertence. A segunda medida de pecado daqueles que abandonam seu posto, é invadir um lugar que já tem dono.
As pessoas lúcidas tem por característica ocupar sempre o mesmo lugar. Quando nos assentamos para a refeição, no leito de dormir, no banco da igreja e nos mais diversos locais que temos por norma frequentar, não costumamos tomar lugares diferentes. Por outro lado, observa-se que alguns frequentadores da mesma comunidade demonstram não saber onde estão e nem o que vieram fazer, pois, ocupam qualquer cadeira, chegam em qualquer horário e não raras vezes cochilam durante os trabalhos. Parecem não ter raízes em lugar algum. Por isso, o amor a terra natal traz uma linguagem importante, é o principio lógico de que viemos de algum lugar. Numa parábola Jesus mencionou aqueles que comparecem a um banquete e tomam os primeiros lugares, ao chegar o dono da festa, os manda tomar os últimos lugares, fica constrangedor para todos. Uma simples atitude, pode muito revelar. Que Deus nos abençoe com o orvalho do céu.
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Contato: mazzarollo@coimpressa.com.br
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