Ainda repercute na região metropolitana o lançamento do livro de Abrão Aspis narrando à maior tragédia aérea do Estado, a queda de um avião em Sapucaia do Sul.
O maior acidente aeronáutico da América do Sul, na época e o maior do Rio Grande do Sul, até hoje, aconteceu no dia 28 de junho de 1950, ás 19 horas e 49 minutos com um Constellation da Panair do Brasil que chocou-se contra o Morro do Chapéu em Sapucaia do Sul, com 44 passageiros e sete tripulantes. Todos morreram...
O escritor Abrão Aspis, controlador de vôo em serviço no dia 28 de julho de 1950, é testemunha e participante do maior acidente aéreo registrado no Brasil até então. A queda do Constellation da Panair é narrada em um livro lançado em Sapucaia do Sul, revelando inteiramente a verdade sobre aquele trágico acontecimento.
O “apagão aéreo” que ocorreu depois da queda do Boeing da Gol e do Air Bus da TAM, conforme Antonio Baldé, fez com que fosse levantado o véu que encobria os muitos problemas internos da aviação brasileira: má gestão administrativa, normas ultrapassadas, equipamentos obsoletos ou deficientes, conflitos entre elementos das categorias – controladores civis e militares, aeronautas e chefias.
“O acidente começou a ser gerado quando a Panair do Brasil tomou a infeliz decisão de fazer seus novos Constellations pousarem em Porto Alegre, cidade que na época não dispunha de aeroporto adequado para recebê-los com segurança. Embora não estivesse a bordo do PP-PCG naquela fatídica noite de inverno em julho de 1950, Nélio foi uma das vítimas daquele que foi, há seu tempo, o maior desastre da aviação comercial brasileira.”
Conforme Baldé, todos esses problemas já existiam em 1950, embora não constassem dos relatórios oficiais emanados de órgãos do setor, nem fossem objeto de estudos aprofundados.
A queda do Constellation da Panair do Brasil, prefixo PP-PCG, em pleno inverno de 1950, nos dá a certeza de que a história se repete. Se os erros e distorções do fatídico evento fossem acuradamente abalizados – e corajosamente enfrentados – talvez muitos outros pudessem ser evitados.
Apesar de envolver alguns aspectos técnicos, esta obra foi escrita numa linguagem acessível aos leitores em geral, constituindo uma narrativa fascinante em que se entrecruzam a crítica áspera e a fina ironia.
O autor descreve com detalhes impressionantes o choque que produziu um incêndio que se prolongou por muitas horas seguidas, queimando corpos, equipamentos e vegetação. “Chegamos ao amanhecer. E o que eu vi de horrível e revoltante – corpos despedaçados, reduzidos a esturricados tocos de carvão, ou ardendo como tochas de carne viva, emanando cheiro de churrasco – nunca mais esqueci”. Cinqüenta e uma pessoas. Todas mortas. Membros humanos jogados a uma distância de até 200 metros da cratera onde jazia o bojo do avião despedaçado ainda em chamas. No meio dos destroços, uma caderneta chamuscada, capa preta. É o diário de uma mocinha de 14 anos – Nora Helena Fernandes – que ali perecera com grande parte da família. Ainda tenho anotado alguns trechos”:
“Quinta-feira, dia 27 – Foi o dia mais formidável do mundo. Fiz
passeios, apreciei pela última vez a maravilhosa viagem que fiz a esta
encantadora cidade, e aprontei as malas para voltar ao Rio Grande e rever
minhas amiguinhas. Estou louca de saudade.”
Sexta-feira, 28 de julho – O vovô fez tudo para conseguir um lugar para vir conosco no Constellation, mas não conseguiu, teve que ficar no Hotel OK.
Nos acordamos às 6h30 min, mas às 7h nos avisaram que o avião só ia sair às 10h. No Galeão, nos deram o aviso que sairíamos às 3h. Agora são 6h15min e vamos descer em Porto Alegre. Já...”
O Diário de Nora Helena parou neste ponto. O Constellation também. Escreveu, na época, o jornalista Flávio Alcaráz Gomes.
O escritor Abrão Aspis, controlador de vôo em serviço no dia 28 de julho de 1950, é testemunha e participante do maior acidente aéreo registrado no Brasil até então. A queda do Constellation da Panair é narrada em um livro recentemente lançado em Sapucaia do Sul, revelando inteiramente a verdade sobre aquele trágico acontecimento. O “apagão aéreo” que ocorreu depois da queda do Boeing da Gol e do Air Bus da TAM, conforme Antonio Baldé, fez com que fosse levantado o véu que encobria os muitos problemas internos da aviação brasileira: má gestão administrativa, normas ultrapassadas, equipamentos obsoletos ou deficientes, conflitos entre elementos das categorias – controladores civis e militares, aeronautas e chefias.
Acidente no Morro do Chapéu
a queda do Constellation da Panair em Sapucaia do Sul
Livro é lançado no Morro do Chapéu
O livro do escritor Abrão Aspis “Acidente no Morro do Chapéu” – A queda do Constellation da Panair em Sapucaia do Sul, editado pela Academia Gravataiense de Letras – Gravatal – Santa Catarina, foi diagramado por João Chicon, revisado por Antonio Xavier Balde, com prefácio de Ivã Sant’anna e dedicado a memória de Ney Barros já está a disposição dos leitores que desejam saber tudo o que aconteceu naquele dia fatídico.
Abrão Aspis lança o livro “Acidente no Morro do Chapéu” no próprio local da queda do Constellation da Panair, 57 anos depois |
O livro do escritor Abrão Aspis “Acidente no Morro do Chapéu” – A queda do Constellation da Panair em Sapucaia do Sul, editado pela Academia Gravataiense de Letras – Gravatal – Santa Catarina, foi diagramado por João Chicon, revisado por Antonio Xavier Balde, com prefácio de Ivã Sant’anna e dedicado a memória de Ney Barros já está a disposição dos leitores que desejam saber tudo o que aconteceu naquele dia fatídico.
Constellation restaurado com as cores da Panair do Brasil está no Museu Asas de um Sonho
Entre as raridades do museu está o Lockheed Constellation com as cores da Panair do Brasil (modelo semelhante ao que caiu em Sapucaia do Sul em 1950), que voava, por exemplo, para Nova York, foi talvez o melhor avião a pistão que teve a Panair. Museu Asas de um Sonho, está localizado na rodovia SP 318, km 249,5 (rodovia São Carlos-Ribeirão Preto, a 15 km de São Carlos). Site: www.museuasasdeumsonho.com.br
No museu o Constelletiom da Panair restaurado |
Foto do Constellation em exposição no museu da aviação. A Panair pertencia ao empresário Mário Wallace Simonsen. Junto com outras de suas empresas, entre elas a TV Excelsior, a Panair foi destruída por motivos puramente políticos. Panair e Excelsior foram apenas duas das perdas infligidas pela maldita ditadura implantada pelo criminoso golpe de estado de 1º de abril de 1964 (e não 31 de março, como tentaram “salvar” durante décadas a fio).
O acidente ocorrido no início da década de 1950, com um Constellation da Panair do Brasil que bateu no Morro do Chapéu, matou todos seus 51 ocupantes.
Em 29/7/50, um dia após a queda do avião no Morro do Chapéu, morreu o Senador Joaquim Pedro Salgado Filho, em acidente com uma aeronave no interior do Estado. Também perderam a vida o comandante Cramer, Ruy Ramos e Fernando Ferrari (do Partido Trabalhista Renovador - PTR), todos vitimados em acidentes da aviação, agora recentemente o deputado Júlio Redecker e tantos outros.
No dia 28 de julho de 1950, O Constellation da Pannair do Brasil, de prefixo PP-PCG, pilotado por Eduardo Martins de Oliveira (o famoso Edu, chefe do Clube dos Cafajestes do Rio) decolou do Galeão em direção a Porto Alegre. Com 44 passageiros e sete tripulantes a bordo, quando atingiu a vertical de Porto Alegre, o comandante avisou à torre do Aeródromo de São João que estava pronto para aterrissar. Mas a pista do futuro Aeroporto Salgado Filho era de terra e não suportava o peso de Constellations e Douglas DC-7. Por isso, o PP-PCG foi desviado para a Base Aérea de Gravataí, de pista asfaltada, mas sem instrumentos de aproximação. O Constellation fez duas tentativas de pouso, mas em ambas arremeteu, até colidir com o Morro do Chapéu próximo ao sítio das Cabras. Não houve sobreviventes.
No carnaval de 1951, os amigos de Edu (morto aos 34 anos) o homenagearam com a música ‘ Zum, zum, zum, está faltando um....’
Guarany Frota - 44 anos, Maria Antonieta Frota - 40 anos, Rosa Yara Frota - 18 anos, José Carlos Berta - 38 anos, Julia Blessmann Berta - 12 anos, João Rocha Fernandes - 47 anos, José Luiz Blessmann Berta - 12 anos, Carmem rothfuchs Fernandes - 40 anos, Carmem Silvia Fernandes - 18 anos, Mara Helena Fernandes - 14 anos, Iliana Amália Fernandes - 13 anos, Maurício Zaducliver - 46 anos, Luiza Zaducliver - 42 anos, Yeda Zaducliver - 15 anos, Ilse Krause Dietrich - 34 anos, Yara Krause Dietrich - 9 anos, Yone Krause Dietrich - 5 anos, Thucidides Lopes -34 anos, Teodora Lópes - 34 anos, Balduino D’Arrigo - 31 anos, Ceci D’Arrigo - 26 anos, Coracy Prates da Veiga - 39 anos, Alice Veiga - 32 anos, Pedro Gay - 61 anos, Maria Gay - 56 anos, Edmundo Pereira Paiva - 64 anos, Valentina Pereira Paiva - 62 anos, Manoel Maltz - 58 anos, Zenir Aita - 29 anos, Adilia Passos da Cunha - 34 anos, Valdomiro Graeff - 25 anos, José Maria Filho - 37 anos, Brasiliano de Moraes - 37 anos, Ligia Dorneles Franciosi - 31 anos, Otávio José da Silveira - 43 anos, Vitória Fabret - 35 anos, Shirley Tavares - 12 anos, Ítalo Vitório Nocchi - 21 anos, Silvia Giacconi - 35 anos, Irma Valiera - 45 anos, Francisco Buny - 45 anos, Sady Maysonave - 40 anos, iver Taachl - 20 anos e Ralph Monthley - 48 anos.
Lista dos tripulantes do Constellation da Panair
que caiu em Sapucaia do Sul:
Eduardo Henrique Martins de Oliveira - Comandante, Domenico Sávio Girlanda - Co-piloto, Álonso Tavares de Araújo - Mecânico, Alfredo Fernandes Soares - Mecânico, Paulo Figueiredo de Ramos - Rádio Telegrafista, Derose Viote Pinheiro - Comissária de Bordo e Maria Helena Murray Ribas - Comissária de Bordo.
Oi zum, zum, zum, zum, zum, zum, zumTá faltando um...
Eduardo Henrique Martins de Oliveira, nasceu em 03 de agosto de 1915 e faleceu no dia 28 de julho de 1950, na cidade de Sapucaia do Sul, no Estado do Rio Grande do Sul, com a Idade 34 anos, 11 meses e 25 dias. Aviador, Piloto da Panair, morreu num desastre com o Lockheed Constellation prefixo PP-PCG, num choque com o Morro do Chapéu ou Morro das Cabras, como também era conhecido. Edu, era integrante do "Clube dos Cafajestes", grupo de jovens boêmios da Copacabana dos anos 40.Em homenagem a ele foi composta por Paulo Soeldade e Fernando Lobo a marchinha "Zum-Zum" (Tá faltando um...), que foi sucesso no carnaval de 51.
A música Zum Zum ocorreu no dia da missa de sétimo dia do comandante Edu e foi cantada no carnaval de 51, no Brasil inteiro, por pessoas que até ignoravam a razão pela qual ela tinha sido feita. Na realidade a música é muito lenta e triste, mas gravada por Dalva de Oliveira para o carnaval de 1951 ela foi um pouco modificada, ficou um pouco mais brilhante e se apresentou mais ou menos assim:
Oi zum, zum, zum, zum, zum, zum, zum
Tá faltando um
Oi zum, zum, zum, zum, zum, zum, zum
Tá faltando um
Bateu asa, foi embora, desapareceu
Nós vamos sair sem ele
Foi a ordem que ele deu
Oi zum, zum, zum, zum, zum, zum
Tá faltando um
Oi zum, zum, zum, zum, zum, zum
Tá faltando um
Ele que era o porta-estandarte
E que fazia alaúza zum, zum, zum
Hoje o bloco sai mais triste sem ele
Tá faltando um
Oi zum, zum, zum, zum, zum, zum
Tá faltando um
Oi zum, zum, zum, zum, zum, zum
Tá faltando um.
Zum, Zum,
A autoria da música é de Paulo Soledade e a letra é de Fernando Lobo. Copyright 1950 by IRMÃOS VITALE S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO e todos os direitos autorais estão reservados para todos os países. ALL RIGHTS RESERVED. INTERNATIONAL COPYRIGHT SECURED.
Segundo o escritor Abrão Aspis, no dia 11de Janeiro de 2010: “Esta música foi composta por amigos do comandante Edu que pilotava o Constellation da Panair que se chocou contra o Morro do Chapéu (em Sapucaia do Sul), próximo a Porto Alegre, em 28 de julho de 1950. Houve perda total com a morte de 51 pessoas, maior acidente da America do Sul, na ocasião.
O comandante Edu (Eduardo Henrique Martins de Oliveira) era o mais afamado piloto da aviação brasileira. Também era líder do Clube dos Cafajestes, do Rio de Janeiro, clube que divertia, mas também infernizava as noites de Copacabana. Sua morte foi muito sentida por seus inúmeros amigos”.
No final da página do blog, veja o vídeo - Panair Constellation "Homenagem aos Bons Tempos" - ano 1950.
4 comentários:
Faltou na lista de vítimas desse acidente o nome de Jair Amaral que era estafeta da aeronáutica.
Há uma insistente e não revisada confusão sendo feita nesses artigos que tentam recontar a história da queda do voo Constellation contra o Morro Sapucaia/ Morro do Chapéu, no que tange o assunto sobre o livro de Abraão Aspi. Aqui, mais uma vez se faz de forma errônea a apresentação do autor como “engenheiro de voo” no ano do acidente ou no momento do acidente, na década de 50. Aspi, tinha somente 14 anos , e morador do Bairro Bom Fim, ficou sabendo da história pela transmissão radiofônica seguida da confirmação de vizinhos. Como diabos ele poderia ter sido o engenheiro em serviço no momento do acidente?! Tal confusão , não me parece feito se uma improdutiva pesquisa bibliográfica ou por pura replicação de outros artigos com o tal conteúdo errôneo. O cerne motivador da história de Aspi começou a partir de dois eventos , um por três pessoas de uma mesma família, vizinha sua, terem perdido a vida no tráfico acidente, e o segundo de que por volta da década de 80 , ele, enquanto trabalha na Petrobras ter recebido uma carta datilógrafa e em nome de Ney M. Barros , e com este sim se auto-intitulando o engenheiro de voo que estava em serviço e presenciou grande parte do fato do acidente, inclusive alegando ter tido uma dolorosa participação no mesmo. Com base nisso , Abraão pode em anos subsequentes manter contato com Barros , trocar correspondências, e até localizar o filho desse para garimpar informações mais pessoais e precisas para a elaboração de sua vindoura obra. É lamentável que canais de depósito de notícias como esse pequem na elaboração dos textos e na fidedigna apuração dos fatos, isso que não é visto somente em endereções do porte desse , mas também em outros canais da web como o se grandes grupos jornalísticos de povoadas cidades da região metropolitana. Espero que possam arrumar e editar a tempo essa matéria para as futuras pesquisas sobre eae memorável e assombroso caso e também em respeito à memória de Abrão Aspi, que no ano de 2018 nos deixou. Ps.: não sou familiar do autor nem mesmo do referido Barros, apenas me disponho de valorizar a permanência da memória e do correto estudo dos fatos, sobre esse emblemático caso para o estado do RS e para a lembrança daqueles que se foram.
que intrigante e horrivel tragedia ,sou morador proximo do morro,e que parece sapucaia nesta epoca não era emancipado ainda ,pertencia a distrito de são leopoldo
Triste e marcante tragédia ocorrida.
Lastimável a perda das informações reais do que aconteceu de fato.
Os que tem a memória real vão se indo. A história passa a se perder, passa a ser mal contada...um povo sem história é um povo sem passado, sem cultura.
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