Avançando um pouco no campo espiritual, soa contraditória a toda a lógica da vida, agarrar-se ao ódio como se fosse algo benéfico, pois, no perdão está a oportunidade de livrar-se destes maléficos espíritos de tormento.
José Mazzarollo
Perdoar está
entre as virtudes mais nobres do dicionário cristão. Quando Jesus respondeu
a Pedro que este deveria perdoar não somente sete vezes a seu irmão que pecara,
mas setenta vezes sete (Mt 18.22), não estava somente preocupado com o
pecador arrependido, mas especialmente em educar o seu discípulo que guardava
tradições e preconceitos, e na nova posição de liderança apostólica deveria
viver com a alma pura sem qualquer vestígio de cólera. O maior beneficiado ao
perdoar é sempre aquele que perdoa e não o perdoado. Aquele que injuria,
agride, trai, omite compromissos, ou comete qualquer outro delito, precisa ser
perdoado o mais rápido possível, porque em toda a demanda, acontecem dois
prejuízos imediatos. O primeiro, é o dano sofrido de forma financeira, física,
ou moral pela má ação do pecador, este é o mal primeiro. O segundo e mais grave
é o tormento que acompanha o coração do atingido, sem data para terminar, com
grandes possibilidades de tornar-se crônico.
José Mazzarollo
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Ao perdoarmos, Deus quer nos livrar do segundo mal, isto é, da raiva que fica armazenada no coração e que inferniza todos os atos. O exercício do perdão deve merecer um esforço particular, semelhante à renúncia que um atleta olímpico empreende em favor da conquista de uma medalha. Certa vez uma senhora se expressou da seguinte forma em relação ao seu ex-marido: “Eu nunca vou perdoar esse canalha pelo que ele me fez”. Pela declaração podemos imaginar o ódio armazenado nesta pobre criatura. Outra dívida que causa terríveis transtornos é em relação aos fiadores que são obrigados a assumir dívidas feitas por supostos amigos. “Sabemos que somos de Deus, mas o mundo inteiro jaz no maligno” (I Jo 5.19). Por isso, o número de traidores e desafetos é grande, logo devemos estar sempre com as armas de Deus desembainhadas para vencer nesta caminhada terrena.
Avançando um pouco no campo
espiritual, soa contraditória a toda a lógica da vida, agarrar-se ao ódio como
se fosse algo benéfico, pois, no perdão está a oportunidade de livrar-se destes
maléficos espíritos de tormento. Devolver em vingança humana o mal recebido
causa uma falsa ilusão de bem estar, quando na realidade, agindo de forma
carnal estaremos lutando com espíritos diabólicos, e a derrota será inevitável,
por isso nesta luta devemos buscar as armas do céu. Do contrário os dias vão se
tornando mais amargos, e a cólera vai consumindo a alegria de viver. Ao não
perdoar o canalha, damos a este canalha o poder de nos acompanhar por onde
andarmos, infernizando a vida mesmo distante, e possivelmente ele nem saiba o
que se passa com o mal que nos causou. O mesmo raciocínio vale para todos os
demais casos onde o perdão não acontece.
Os judeus comemoram
anualmente o YomKipur, isto é, o dia do perdão. Hoje não é mais possível
estabelecer um dia especial para perdoar, muito menos uma vez por ano. Segundo
a Bíblia, não devemos deixar que o sol se ponha sem restabelecer a
reconciliação plena com todos. Se para a ofensa não tem dia e nem hora, o mesmo
devemos fazer em relação ao perdão. Não permitir que o ódio ganhe o
esconderijo de uma noite sequer, pois,
semelhante à semente, uma vez coberta pela terra ganha o direito da brotação e
frutos, assim o ódio guardado cria raízes tornando-se de difícil remoção. Que Deus nos abençoe com o orvalho do céu.
Contato: Mazzarollo@coimpressa.com.br
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