terça-feira, 4 de novembro de 2014

Política e Religião

Se não bastasse a insaciável ganância revelada dentro dos templos, as igrejas abrem seus tentáculos incentivando seus ministros a ocuparem cadeiras no poder governamental.

 José Mazzarollo

         A religião é tão necessária à alma, quanto os alimentos  o são para o corpo, com uma grande diferença; a boa religião alimenta um corpo para a eternidade,  a mesa saudável prolonga os finitos dias da matéria. Deturpá-la com inserções subliminares foi desde o princípio o trabalho do diabo. A mácula mais escura da história religiosa aconteceu  no quarto século em Roma, quando o imperador Constantino outorgou-se o título de sumo pontífice da igreja, estabelecendo a famigerada união igreja/estado. Nenhuma comunhão comprava esta união, mas os interesses econômicos seduziram os bispos da época  e os pastores de hoje.

   
José Mazzarollo
Se não bastasse a insaciável ganância revelada dentro dos templos, as igrejas abrem seus tentáculos incentivando seus ministros a ocuparem cadeiras no poder governamental. Seria lícito perante Deus? Podemos responder de maneira prática com uma pergunta: Qual é a real missão do pastor, quando enviado por Jesus Cristo?  E para responder vamos consultar o maior evangelista da nossa era: “Sim, considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus meu Senhor: por amor do qual, perdi todas as coisas e as considero como escória, para ganhar a Cristo” (Fl 3.8). 
  
       Um pastor realmente enviado por  Deus, inspirado pelo Espírito Santo, seria incapaz de trocar uma missão remunerada com moeda celestial e eterna, por um mandato curto e pago com dinheiro contaminado desta terra. Infelizmente, grande parte dos pregadores do evangelho nunca entenderam o evangelho que pregam. É bom recordar que o apóstolo Paulo antes da conversão, transitava com grande prestígio na alta sociedade judaica, pela sua inteligência e formação acadêmica. Ao encontrar-se com Cristo mudou radicalmente de vida, e segundo suas próprias palavras considerou o prestígio e as glórias humanas como escória. Exatamente o oposto dos atuais candidatos pastores.

        Estes estão considerando o trabalho pastoral como escória e dirigem-se para a política em busca da realização pessoal. Os argumentos são os mais variados, contudo nada justifica um ser humano decair tanto da sua condição, uma vez que pastor está quilômetros  acima de qualquer cargo humano por maior que seja.

        A palavra política vem do grego polis, se refere as  ações do estado. Por isso, não tem raízes na religião, são produtos de natureza diferente, de valores incomparáveis. O homem material vem primeiro, mas o real sentido da vida está no homem espiritual, portanto ser pastor está numa dimensão muito acima do cargo de senador, deputado ou mesmo presidente de uma nação.  Um pastor cobiçar qualquer cargo público, no mínimo é burrice, e, demonstra que jamais foi pastor de Jesus Cristo e enviado para o  trabalho de Deus. Além de ter a plena consciência de estar entrando num  ambiente contaminado pelo pecado. É o pastor  descendo na lama da política e nem pensar em que a política suba para a nobreza da fé. Temos que admitir antecipadamente que esses tais pastores não guardam pudor algum, muito menos vergonha pela degradação de valores  que praticam. Estes não passavam de oportunistas do evangelho quando na igreja, e no governo não mudarão sua conduta. O  trabalho missionário não depende da vontade humana, mas do chamado de Deus, e como servos do evangelho, devem servir com alegria o chamado divino, e não colocar a mão no arado e olhar para trás. Tomemos esta lição de vida e Deus nos abençoará com o orvalho do céu.

Contato: mazzarollo@coimpressa.com.br

José Mazzarollo está todos os dias na rádio Metrópole AM 1570, às 8h e 18h; e aos sábados das 17h30min às 18h30min; E na TV Urbana, assista ao Programa Momento Espiritual, todas as Segundas das 22h às 22h30min na TV Urbana (UHF 55 e NET 11). 


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