quinta-feira, 22 de julho de 2010

“Alguém botou fogo em tudo que era nosso. Queimaram roupas, documentos e os colchões”, disse um morador de rua que dorme na Praça do Premem em Esteio.

Fogo na Praça Acendino Alves da Silva em Esteio, mais conhecida como  "Pracinha do Premem" abandonada pela prefeitura.


 A maioria dos andarilhos sem-teto que estão abrigados nas Praças, sob viadutos e marquises em Esteio, catam material reciclável para vender e já desistiram de esperar por uma solução de moradia definitiva.

“Um dia dois homens estiveram aqui e tentaram tirar a gente à força”, diz um morador de rua. E acrescenta: “No início da noite de ontem, durante a nossa  ausência, alguém botou fogo em tudo que era nosso. Queimaram roupas, documentos e os colchões. Uma vez, lá no centro, até bateram em mim”, e complementou dizendo “O galão de gasolina ainda está aqui!”.

Ultimamente as praças de Esteio não são mais um lugar de entretenimento. É ali, sob a impunidade que o tráfico circula diariamente. Além de alguns cães vira-latas, moram algumas pessoas carentes que vivem no estado de extrema miséria. Apesar do local ser  patrimônio público municipal, essas pessoas, por necessidade, o ocupam sem nenhum constrangimento.
Segundo um morador das imediações da praça, não cabe a ele retirar essas pessoas do local, pois a área que habitam é propriedade municipal e a iniciativa estaria a cargo da Assistência Social da Prefeitura de Esteio.

A população que geralmente auxilia os moradores de rua nega as acusações de violência contra os moradores de rua, dizem desconhecer ações na tentativa de retirar os moradores das praças, marquises e viadutos.

Outros culpam o poder público sobre as condições sub-humanas em que vivem e criticam  a falta de ajuda negada pela municipalidade. Reclamam dos poucos benefícios sociais oferecidos pelo governo, que não tem clínica especializada, restaurante popular, albergue, asilo, creche, casa de passagem ou unidade residencial.


Encontramos os que dizem que já encaminharam alguns moradores de rua para uma clínica de recuperação de drogados e, mesmo assim, eles voltaram para viver sob o viaduto da avenida Senador Salgado Filho. Na opinião deles “O problema Já é  caso de polícia”, afirmam, salientando que a presença de algumas dessas pessoas representa ameaça para a comunidade, pois são usuárias de drogas e outras violentas.

A prefeitura já colocou pedras, canos e construiu paredes em baixo dos viadutos com o propósito de impossibilitar que  mendigos tenham acesso à área. Essa medida, porém, não levou em conta o destino dos habitantes do local, os quais procuraram um novo abrigo.

Enquanto nenhuma providência é tomada, os “moradores de rua” continuam ocupando “seu espaço público” no Município de Esteio.

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