Por José Mazzarollo
No campo espiritual, a resposta a um questionamento nem sempre deve guardar o conteúdo e os desejos do indagador. Assim, para uma boa resposta, é necessário perscrutar quem pergunta. Da mesma forma que uma criança pede o que deseja, e não o que precisa, assim, o que responde deve preocupar-se com o que o interlocutor necessita, e não pelo que deseja. Tomando o exemplo de Jesus nos Evangelhos, percebemos a sabedoria do Mestre quanto a esta questão. Quando os discípulos o indagavam a respeito de parábolas, profecias e outros temas, eram esclarecidos diretamente dentro da indagação formulada. Quando, porém, os fariseus, escribas e sacerdotes do templo se aproximavam com o fim de experimentá-lo, notamos as colocações apropriadas a cada caso.
José Mazzarollo |
Certa vez fariseus e herodianos se aproximaram de Jesus a fim de comprometê-lo diante da nação e do império: “É licito pagar tributo a César, ou não?” Ao que Jesus respondeu: “Dai pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”? (Mt 22...). Noutra ocasião, acercaram-no os principais sacerdotes e anciãos do povo, perguntando: “Com que autoridade fazes estas coisas? e quem te deu essa autoridade?”. E Jesus lhes respondeu: Eu também vos farei uma pergunta; se me responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas” (Mt 21.23-24). Contudo, diante de Pilatos e Herodes, ficou calado. A riqueza espiritual do Evangelho é infinita, e muitas outras situações iluminadas nos concedem saber que, com atenção devemos olhar para os ensinos contidos nas Escrituras.
"Jesus radiografava as palavras e o coração daqueles que o indagavam..."
Tornemos ao título da mensagem: Como responder certo? Se é verdade que conhecemos as pessoas pelas perguntas e não pelas respostas, então nada melhor que meditar profundamente no Evangelho, e com Jesus aprender um pouco mais desta magnífica ciência de responder bem. Quantas vezes ficamos embaraçados e gaguejantes diante de situações que poderiam marcar a retumbante vitória do cristão, mas ao tentar responder pela via humana o divino, comprometemos toda a situação. Jesus radiografava as palavras e o coração daqueles que o indagavam, e como ficou escrito, os herodianos imaginavam condená-lo com qualquer das respostas, afinal lhe deram duas opções: ou ir contra César se negasse tributo ao governo, ou contra o templo se omitisse a contribuição à igreja. Mas uma terceira resposta deixou-os todos calados. Aqueles que desejavam inquiri-lo sobre a sua autoridade divina, Ele os silenciou com uma pergunta.
Certamente a mais conhecida resposta de Cristo deu-se diante da acusação da mulher adúltera. Escribas e fariseus armados com pedras diante da pecadora aproveitam a presença de Jesus para o embaraçar: “Mestre esta mulher foi apanhada em flagrante adultério, e na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, o que dizes? Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire a pedra” (Jo8..). Cabisbaixos e decepcionados novamente um a um vão se retirando. A sabedoria divina não se detém somente às palavras da indagação, mas de onde ela vem e qual a razão de perguntar, então a resposta sai do ângulo terreno e passa para o campo espiritual. Meditemos neste fabuloso conhecimento e que Deus nos abençoe com o orvalho do céu.
Contato: mazzarollo@coimpressa.com.br
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